O estudante do segundo ano do ensino médio, Davi Marcino Costa, tem um sonho: quer trabalhar na Nasa- a agência espacial norte americana. Aos 18 anos, o alagoano, filho de um vendedor de milho das ruas de Maceió, tem interesse especial pela astronáutica. E foi através dela que criou um foguete artesanal, em uma competição. Ele alcançou 174 metros e 20 centímetros. O quê usou?
"Fermento de bolo, destes de supermercado, e vinagre. E, a depender das condições do clima e do local, pode voar mais. Alcançar 200 metros"
A engenhoca despertou o interesse da Olimpíada dos Foguetes, que acontece em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Esta é a 5ª edição da jornada.
Ela acontece na próxima semana. Mas, Davi corre o risco de não ir. É que o Governo de Alagoas, após dois meses, respondeu com um "não" na terça-feira (22), ao pedido de patrocínio pedido por ele para lançar o foguete na Olimpíada de Foguetes.
"É muito triste aceitar um não depois de tentar tanto. Disseram que não tinham dinheiro".
Preço da viagem ao Rio: R$ 2 mil.
A "base" de lançamento do foguete é na praia da Avenida. Tudo é improvisado e até o material é tomado emprestado do Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
"Mas, como é uma competição nacional, o ideal seria que eu tivesse a minha própria base".
A "base" é feita em PVC. Custa R$ 300.
Mas, para quê serve fazer foguetes?
A tecnologia é usada como sinalizador náutico, por exemplo, ajudando a salvar náufragos ou como brinquedos. Foguetes lançados ao espaço usam tecnologia (e combustível) diferentes.
O gênio alagoano da astrofísica desafia as leis da gravidade e da sociedade. Desempregado, o pai vende milho cozinhado nas ruas de Maceió para sustentar a casa. Como o desempenho do filho é exemplar (outros dois irmãos de Davi também têm aptidão para matemática), ele ganhou bolsas de estudo e frequenta os melhores colégios particulares de Maceió.
Quer passar no vestibular mais difícil (e concorrido) do Brasil: o do ITA, Instituto Tecnológico do Aeronáutica, em São Paulo, na cidade de São José dos Campos.
Mas, o "não" do Governo de Alagoas não faz Davi desistir. "Quem sabe, um dia, a gente alcance as estrelas". Quem sabe se o novo gênio dos estudos do espaço não seja, no futuro, um alagoano?