A falta de médico na clínica infantil Dayse Brêda no final da manhã desta sexta-feira (15) gerou um ‘congestionamento’ de ambulâncias no local. A informação é de que sete ambulâncias, sendo quatro do Samu, duas do interior e uma do Hospital Geral do Estado (HGE), estavam paradas na frente da clínica porque não havia médico para o atendimento das crianças.
Fernando da Silva, conselheiro tutelar da 7ª região (Tabuleiro), denunciou a reportagem doCadaMinuto que a situação é frequente e que o Estado não tem cumprindo o que determina a lei. “A criança e adolescente tem prioridade no atendimento e isto não tem acontecido aqui no Estado”.
Ele revela que foi acionado para resolver a situação. Ao chegar no local, Fernando disse que se deparou com quatro ambulâncias esperando atendimento, cada uma delas com uma criança, mais duas ambulâncias do interior e outra do próprio Hospital Geral do Estado todas para atendimento infantil.
Fernando revelou que chamou Márcio Pessoas, conselheiro responsável pela 2ª região onde a clínica está localizada, no bairro da Levada, para conseguir atendimento a estas crianças. “Nós conseguimos internar duas delas que estavam com pneumonia na Clínica Santa Terezinha. As outras não sei par onde fora, o Samu levou”, fala Fernando.
Revoltado com a situação, Fernando já convocou os conselheiros tutelares para realizar uma fiscalização nestas clínicas que prestam atendimento. “Vamos nos reunir na próxima semana, elaborar a forma de fiscalização e preparar um documento para entregar ao Ministério Público, porque é um absurdo o que está acontecendo”.
Uma funcionária da clínica, que preferiu não se identificar, confirmou que a situação é recorrendo no posto de atendimento. “A maioria dos médicos aqui fazem extra, não tem vínculo e aí eles vêm quando quer. Como hoje é feriado, eles escolheram não vir”.
Ela disse a nossa equipe que desde às 10hs desta sexta-feira (15) a unidade de saúde está sem médico e que muitas mães não receberam atendimento. “A gente sente pena das mães, mas não temos como fazer diferente e muitas vezes os pais não entendem que não temos culpa. Eu estou aqui cumprindo o meu horário”, desabafa a funcionária.
Márcio Pessoa passou no final da tarde desta sexta-feira (15) para averiguar a situação da unidade de saúde. Inconformado, ele afirma que não há ninguém da direção do posto para resolver o problema. “O governador é um irresponsável, não está nem aí para as pessoas que precisam de atendimento. Eu estou aqui trabalhando, já a diretoria do posto deve estar curtindo o feriadão”, esbraveja o conselheiro.
Responsável pela região, Márcio conta que todos os finais de semana isso acontece. "Já estou cansada e revoltado com o que vejo. Isso é um absurdo. As pessoas morrem sem atendimento e ningué faz nada".
SEM ATENDIMENTO
Em apenas 10 minutos que a nossa reportagem esteve na clínica foi possível flagrar dois casos em que as mães tiveram que voltar para suas casas por falta de médicos.
Maria das Dores, que mora no Clima Bom, saiu de casa às 15hs para buscar atendimento para seu filho de 1 ano e 8 meses já havia passado em dois postos de saúde que não tinham médico para prestar atendimento a criança. Ao chegar na Dayse Breda ela recebeu a informação que não havia médico. “A gente sai daqui mais arrasada do que quando chegamos. Já gastei muito com passagens, agora cadê que tem uma ambulância aqui para a gente levar a criança para outro lugar?”
Depois de deixar a unidade de saúde, ela revelou que ainda ia tentar um atendimento no Posto do Jacintinho. “Vou pegar um ônibus e levar ele pro Jacintinho, essa é a minha última tentativa”.
Quem também está a mais de 24hs tentando atendimento para o seu filho é Márcia Bispo que saiu de casa na noite desta quinta-feira (14) para levar a criança ao posto de saúde do Clima Bom, que não tinha médico.
O menino de três anos de idade está com febre alta, segundo a mãe e preocupada porque não consegue baixar procurou dois postos antes de saúde antes de chegar ao Dayse Brêda e se deparar com a falta de médicos. “É assim sempre. A falta de médico não é só para crianças, para os adultos também. Lá no Clima Bom a gente tem que chegar no domingo para pegar a ficha na terça-feira”.
Sem atendimento, ela voltou para casa preocupada com a saúde da criança. “Não sei o que vou fazer. A febre dele não baixa, e a gente fica assim, sem médico e preocupada”, fala a mãe em meio às lágrimas.