28 de nov. de 2013

Alagoas deixa de tratar 70% do esgoto que produz

Um seminário com a temática voltada ao saneamento básico debateu ontem em Maceió os principais fatores que mantêm índices altíssimos de mortalidade infantil em Alagoas e no Brasil.Sem o tratamento necessário que deve ser dado ao esgoto, quem sofre é a população mais pobre, devido à falta de investimentos do poder público em saneamento e saúde. Segundo o Instituto Trata Brasil, em Alagoas, só 30% do esgoto gerado no estado são tratados, para evitar danos às famílias. 

Os dados levantados pelo Instituto apontam sérios riscos à saúde das crianças de até cinco anos de idade. Durante o Seminário: Cenário do Saneamento em Alagoas e no Brasil – Saúde e desenvolvimento para todos, o presidente executivo da entidade, Édison Carlos, explicou à Tribuna Independente, , que, por conta do não tratamento do esgoto despejado das casas e a aglomeração de resíduos tóxicos nas ruas, as crianças acabam sendo infectadas por bactérias que ocasionam a hepatite, a diarreia, além de diversas verminoses.

“As pessoas precisam cobrar mais do poder público. O tratamento do esgoto é uma necessidade básica para o convívio em sociedade. Em Alagoas, o Instituto Trata Brasil levantou que 70% da população convivem com a necessidade de ter o esgoto que é produzido passando por uma estação de tratamento. São dados que precisam receber mais atenção porque apenas 30% da população sabem o que é não ter riscos à sua saúde por causa do devido tratamento do que é jogado de casa para fora”, alertou Édison Carlos.

O presidente do Instituto recorda que o governo estadual tem feito investimentos pontuais para que a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) consiga dar mais celeridade à implantação de tubulações que sejam interligadas às residências e o esgoto seja direcionado para a estação de tratamento. Na estação, a água suja é tratada, purificada e destinada aos rios das cidades.

Quando o tema é voltado para Maceió, o Instituto Trata Brasil mostra que os investimentos em saneamento básico não foram o suficiente para manter a população mais protegida de doenças infecciosas. Em toda capital alagoana, 40% do esgoto produzido não têm a devida coleta. Ou seja, 60% das famílias convivem diariamente com água contaminada a céu aberto. 

Os dados reforçam a necessidade de destinar mais recursos para o investimento em infraestrutura, com a finalidade de aplicá-los no tratamento ideal dos dejetos produzidos nas residências e empresas. Basta circular, por exemplo, por bairros periféricos para constatar que as famílias dividem espaço nas ruas com o esgoto, à porta de residências. A situação se complica ainda mais nas grotas ou favelas. Nesses locais, crianças brincam em meio aos dejetos.

Doenças causam mortes

Os baixos índices de tratamento de esgoto tanto em Alagoas quanto em Maceió são refletidos nos consultórios médicos privados e nas unidades de saúde mantidas pelo governo estadual e municipal. O pediatra Milton Hênio participou do Seminário: Cenário do Saneamento em Alagoas e no Brasil – Saúde e desenvolvimento para todos, ontem, e disse ser inadmissível que no século 21 as crianças sejam as mais penalizadas pela falta de tratamento do esgoto. 

“Os dados são aberrações. Não dá para aceitar que no século 21, um milhão de crianças de zero a cinco anos morram no Brasil por causa de diarreia e desidratação. Estas doenças ocorrem porque não há investimento para que o esgoto produzido em cada residência seja tratado. Quando não trata esgoto, é preciso dar atenção a quem acaba contraindo doenças”, declarou o pediatra em entrevista à reportagem da Tribuna Independente.

Milton Hênio comentou em sua palestra que os índices de contaminação das famílias em decorrência do baixo investimento no país em saneamento remonta ao século 19, um período em que o tratamento da água inexistia e as pessoas não tinham acesso a uma fonte de água segura para o consumo e utilização doméstica. 

O diretor de Relações Institucionais da Braskem, Milton Pradines, empresa que promoveu o evento junto com o Instituto Trata Brasil, destacou que a produção de PVC em Maceió, por parte da empresa, pode ser utilizada na construção de tubulações que sejam utilizadas no tratamento de esgoto na capital e no estado. De acordo com Pradines, ao investir em saneamento básico, o meio ambiente também será beneficiado, pois, existe a necessidade de manter as cidades bem mais organizadas quanto ao tratamento da água contaminada.


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