14 de out. de 2013

Oito obras que podem ser a solução para o trânsito de Maceió


Especialista ouvido pela Tribuna Independente aponta construção de viadutos, avenidas, binários e ações menores, todas já abordadas em projetos engavetados na SMTT, como alternativas ao caos diário das ruas

De oito grandes obras apontadas como necessárias para a fluidez do tráfego de veículos em Maceió, segundo especialista em trânsito ouvido pela Tribuna Independente, apenas três estão na pauta de ações futuras da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) da capital.

Mas na visão do engenheiro de tráfego José Geraldo Dorta Moura, professor do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), que foi duas vezes superintendente da SMTT, o trânsito de Maceió pode funcionar com fluidez se a administração pública pôr em prática projetos que já existem no órgão, inclusive os antigos - há décadas engavetados. Eles preveem investimentos na construção de novas avenidas, viadutos, elevados e a manutenção permanente e adequada da sinalização e fiscalização das vias.

Os projetos citados pelo ex-superintendente - que repudia a ideia de um convite ao retorno da função – são: a construção de uma avenida margeando a orla lagunar, até a cidade de Satuba; uma avenida no Vale do Reginaldo, tendo como canteiro central o Riacho Salgadinho; a implementação de sistemas modernos de transporte urbano; a construção de um viaduto na rotatória da Polícia Rodoviária Federal, no Tabuleiro do Martins; outro viaduto passando pelo 59º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, na Fernandes Lima, ou mesmo um túnel.

O especialista também recomenda mudanças urgentes nos bairros do Poço, com a construção de novos elevados, dando continuidade ao projeto inicial que era a construção de quatro elevados e não somente um, que é o Ib Gatto, e mudanças no Jacintinho. A recomendação de Geraldo Dorta para este último bairro seria a desobstrução de vias laterais para a construção de binários (ruas paralelas que operam em mão única e com sentidos opostos), ampliando as faixas de rolamento.

Por último, Dorta sugere a duplicação da AL-101 Norte, assim como foi feito na AL-101 Sul. Ambas as rodovias, segundo o engenheiro, têm o mesmo fluxo de veículos. Uma novidade apresentada esta semana é que a obra da via estadual deve ser contemplada no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 2.

Previsões

A SMTT, por meio de seu assessor especial de trânsito, Roberto Barreiros, reconhece a precariedade da estrutura e sinalização das ruas de Maceió, além da falta de agentes de trânsito para garantir fluidez do tráfego. Segundo Barreiros, muitas obras estão empacadas devido à falta de planejamento ou de recursos humanos, mas garantiu que até o final deste ano, as principais vias serão pelo menos sinalizadas, e novos agentes de trânsito estão sendo preparados para irem às ruas.

Barreiros adiantou, também, que em até quatro anos, três grandes obras já terão sido iniciadas. Ele se refere à construção de uma avenida que ligará o Vale do Reginaldo à Via Expressa; à desapropriação de casas no bairro do Farol e de um terreno do Exército para a construção de uma via paralela à congestionada Avenida Fernandes Lima e a implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre o Farol e o Aeroporto.

“Toda obra, antes [de ser implantada] deve ter um estudo técnico e a participação popular, o que não ocorreu, por exemplo, nas mudanças das vias no Poço e Jaraguá. A SMTT também tem muita dificuldade de realizar a fiscalização, pois os agentes de trânsito nem sempre abraçam a causa. Dos últimos concursados, 18 já rescindiram o contrato e estão em outra atividade. Hoje, são 250 agentes e estamos treinando 50 e, com o tempo, é que vamos saber os que vestem a camisa”, disse.

Para o engenheiro Geraldo Dorta, o problema da falta de fiscalização e sinalização está presente em toda a cidade e afeta principalmente os turistas que, sem orientação adequada, acabam perdidos. “Os problemas do tráfego em Maceió são bem gerais. A nossa cidade tem uma carência de sinalização bem evidente. O motorista é desinformado. Veja que nós, que somos daqui, nascemos aqui, moramos aqui, nos perdemos no trânsito! Imagine o usuário que vem de fora, um turista... Nem com um GPS na mão dá pra encontrar o destino. Eu acho que os grandes pecados, hoje, da SMTT, é não deixar a equipe técnica trabalhar nos projetos que já existem no órgão há oito ou nove anos”, disse Dorta.

Tramitação lenta
Primeiras mudanças só nos próximos anos

Segundo o assessor de trânsito da SMTT, Roberto Barreiros, grandes obras estão por acontecer em Maceió nos próximos quatro anos. Avenidas serão construídas e sistemas modernos de transporte de massa também estão na pauta, mas o motorista só deve começar a perceber as mudanças a longo prazo. Para breve, serão iniciadas as construções de avenidas como a do Vale do Reginaldo e a implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no bairro do Farol.

“A Fernandes Lima está realmente estrangulada. Há dois anos, queríamos tirar um pouco do canteiro, mas fomos impedidos pelo DNIT, que nos orientou primeiro a buscar opções laterais pra dissipar o fluxo. Vamos pôr em prática um projeto de 1985, que é indenizar algumas casas na Rua Manoel Maia Nobre, por trás do Bompreço do Farol, para dar um acesso à Pitanguinha. No quartel do 59º [Exército], pretendemos abrir uma estrada para dar acesso à Rotary. Estamos em negociação com o general para pôr adiante a construção da estrada que também vai ligar à Pitanguinha”, disse.

Até 2017, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o BRT (Bus Rapid Transit), que é um ônibus com faixa exclusiva, semelhante ao metrô, devem, pelo menos, ter começado a serem implementados em Maceió: o primeiro na Avenida Fernandes Lima, o segundo na Via Expressa, após a duplicação da avenida.

Os transportes de massa são apontados por especialistas como peça fundamental para a redução dos congestionamentos. Modernizá-los, oferecendo atrativos como conforto e maior comodidade é uma aposta do governo para convencer os motoristas a saírem menos com seus veículos particulares. “Com eles [VLT e BRT], dá para você ir de casa para o seu trabalho em menor tempo, com prazer”, apontou o engenheiro de trânsito José Geraldo Dorta Moura.

Ele dará palestra, na próxima quarta-feira, no seminário de transporte público em Maceió sobre alternativas e perspectivas em mobilidade urbana no auditório do Espaço Cultural da Ufal, na Praça Sinimbu, e abordará o sistema BRT, já implementado em cidades do Brasil.

A SMTT alega que a pasta elabora um projeto de inserção do BRT em Maceió. “Será divulgado ainda este ano o projeto de implantação do BRT, para depois da ampliação da Via Expressa e do VLT na Fernandes Lima, que está para ser licitado até o final do ano, ligando o Mirante Pierre Chalita – que fica no Centro, acima do Itaú da Rua do Sol -, com um elevador, até o aeroporto. A construção deve ser iniciada em três ou quatro anos”, assegurou Barreiros.

Já a avenida no Vale do Reginaldo, que ligará o Poço à Via Expressa, segundo o assessor especial de trânsito da SMTT, vai ser iniciada ainda neste ano, mas a conclusão da obra ainda não tem data prevista.

“As obras do Vale do Reginaldo já tiveram a ordem de serviço assinada. O governo vai arcar com a parte de habitação, para a retirada daquelas pessoas para outros imóveis e o município vai entrar com a via e o saneamento. Aquelas obras ainda não haviam sido iniciadas porque não havia lugar para a mudança daquelas pessoas. Vai ser uma pista com três faixas, com calçada, ciclovia nos dois lados, que vai dar acesso do viaduto Ib Gatto à Márcio Canuto, no Barro Duro, emendando com a Via Expressa. Essas são obras que estarão prontas daqui a uns dois, três ou quatro anos”, completou.

A situação é diferente do projeto de construção da avenida que margearia a orla lagunar até a cidade de Satuba, que ainda não foi apreciado pelo atual gestor da SMTT, Tácio da Silveira. Na avaliação de Geraldo Dorta, as obras dariam mais opções aos moradores de Vergel, Bebedouro, Fernão Velho e adjacências, diminuindo o encontro e o congestionamento de veículos na principal avenida de Maceió, a Fernandes Lima.

“É muito difícil, porque ali vai ter que acabar com o mangue e com o CSA. E é uma via que, para o serviço de transporte urbano, talvez não seja tão importante. A ideia da SMTT é fazer uma rua paralela ao trilho do trem, que passa pelo Mutange, uma rua com duas faixas de rolamento, perto da Grota do Padre”, explicou Roberto Barreiros.

A rotatória onde fica o posto da Polícia Rodoviária Federal, no Tabuleiro do Martins, também terá novidades. Um viaduto ligará a Avenida Durval de Góes Monteiro à BR-104.
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